Ritos de passagem

Nayara Melo
2 min readJun 10, 2022

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Nem todas as mudanças escrevi textos aqui, mas algumas-muitas sim, estão escritas aqui ou no meu caderno de bolso. Mas essa mudança, acredito que seja a mais bonita até agora. Nas outras tantas mudanças, sempre foi algo muito compulsório: “tinha que ir”, “precisa”, “tem que fazer”. Pareciam mandatórios do além me apontando caminhos, em que não haviam escolhas. Dessa vez não, eu pude escolher e decidi ir, e isso é bonito.

Panela em fogo baixo, marinado de longas horas. As tantas conversas, preparativos — reais e imaginários — acompanharam os processos até aqui. Até olhar em uma chamada de vídeo e dizer: “meu amor, nós vamos morar juntos”. Rodeada de caixas mais uma vez, de vendas de móveis e muitos apertos de mente, os ritos de conclusão de Recife e começo de Niterói, vão se desenhando a cada dia, até o sol despontar o dia.

Das despedidas e dos choros contidos e alegres, muitos abraços e caminhos. Estou indo para longe, mas também estou muito perto. Vejo todas as relações que construi em Recife, vejo os amigos e muitos amigos, vejo meu pertencimento a cidade e também vejo que tudo isso muda. Recife é uma das melhores molduras que a vida me deu, é palco do meu crescimento, da dança, comida e afeto.

Os ritos de passagem são marcos de muita celebração, a vida precisa ser sentida, vamos chorar juntos, nos abraçar juntos, não é fim, é transposição. Obrigada Recife, por tudo.

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Nayara Melo

Sobre mudanças, cidades, e uns textos aleatórios. De quem anda muito, um diário do meu interior